Monday, March 9, 2009

Chico esperto

Um bem haja a todos!

E neste post vou escrever sobre os tão famigerados "chico-espertos". Quem não o conhece? Quem não tem pelo menos um no seu circulo de amigos? Ora um.... se fosse só um não é? Aquelas personagens irritantes que se acham acima das regras...
Ora aqui pelo cú de judas também há uns quantos, e aqui vos deixo umas imagens sobre essas personagens.
É que ao que parece, eles não existem só entre os seres humanos...
Estas fotos que vos apresento são do lago da cidade, altamente congelado nesta altura do ano, como se pode comprovar.


Mas como aqui a malta é amiga dos animais, o pessoal decidiu despejr água quente num dos cantos do lago, com o objectivo de deixar uma parcela de água liquida para os coitadinhos dos patos poderem nadar e enfiar a cabeça debaixo de água e essas coisas que os patos fazem.


Mas os patos chico-espertos não se ficam pelo chapinhar na água... porque razão haviam eles de chapinhar na água fria e cercada pelo gelo, quando podem tomar um belo banho de imersão na nascente de água quente?

É assim meus amigos... há aqueles que não pagam impostos, há aqueles que não pagam as multas, há aqueles que não esperam nas filas, e há aqueles que se banham na fonte em vez de esperar pela sua vez...
E esta, hein?

Saturday, March 7, 2009

Viajando... O Regresso: Parte 1

Da mesma maneira que fui para Portugal de férias, o inevitável regresso à Islândia tinha de acontecer. Voltei no dia 8 de Janeiro, como sempre, demorei um dia inteiro a cá chegar e, como á hora a que chego já não consigo apanhar 1 voo para Isafjordur tive de ficar em casa do Kjell. No dia seguinte levantei-me cedo pois tinha voo marcado para as 9 da manhã e fui para o aeroporto. Já no aeroporto, aproxima-se a hora do voo e nada, não há ordem de embarque até que, passados cerca de 15 minutos das 9 os senhores avisam que o voo foi adiado devido ao mau tempo que se fazia sentir em Isafjordur, nada de anormal para a altura do ano. Como já estou habituado a estas andanças nem liguei e fui falando com os senhores do aeroporto para saber mais ou menos para quando estava previsto o voo, já que este está dependente dos "updates" horários das condições climatéricas. Fiquei a saber que iríamos em princípio voar por volta das 2 da tarde, apesar de um dos empregados do aeroporto me ter dito que era altamente improvável que o tempo melhorasse o suficiente para voar.
Como sempre lá fiquei no aeroporto á espera porque não me apetecia muito andar para trás e para a frente com bagagem, que até não era pouca e eu tinha de andar de autocarro porque não tinha dinheiro para táxis (já mal chegava para o autocarro).
Foram passando as horas e por volta das 2 da tarde lá se deu a ordem de embarque, o que me fez bastante feliz já que queria mesmo chegar a casa por razões óbvias e porque estava quase sem dinheiro, até para comer. Embarcámos e siga viagem.
Dormi o caminho todo até estarmos quase a chegar, acordando só com a hospedeira a dizer que íamos começar a descer em breve.. ora, afinal não era bem verdade porque não chegámos a descer. A visibilidade era péssima e o vento não ajudava, tendo o avião dado meia dúzia de voltas no céu acima de Isafjordur até que o comandante avisou que íamos voltar para trás.. a esta altura começo a rogar pragas (mentalmente é claro) porque já estava a pensar onde é que ía passar a noite, como é que ía comer e ía ter de andar a carregar bagagens de um lado para o outro, outra vez. Tão perto e tão longe, enfim, são coisas a que se está sujeito quando se viaja na Islândia em pleno Inverno.
Nessa noite consegui ficar na pousada, pagando o quarto com as últimas 2000 koroas que me sobravam no cartão islandês.
No dia seguinte, a mesma história, levantar cedo, arrastar bagagens até ao aeroporto ás 8 da manhã e esperar pela hora do voo que era na mesma por volta das 9. Surpresa das surpresas, 9 da manhã, voo adiado. Ah, maravilhoso, mais um dia passado no aeroporto.. sem dinheiro e sem perspectivas de conseguir voar mais uma vez. Desta vez o cenário era ainda pior que no dia anterior, já que não havia quase esperança nenhuma que o tempo melhorasse, mas pronto, a esperança é a última a morrer, já dizia o Paulo Bento, treinador desse "grande" clube que é o Sbording.
Idem aspas, dia no aeroporto, por volta das 4, ordem de embarque o que me surpreendeu bastante.
Embarcamos e seguimos viagem (outra vez).. e, novamente, dormi o caminho quase todo, acordando só quando começou a turbulência a chegar aos fiordes. Ora, esta turbulência começou de levezinho, e de tanto viajar nestes aviões (20, 30 vezes, já perdi a conta há muito) não é coisa que me surpreenda e até acho bastante piada.
Mas cedo se percebeu que esta turbulência não era normal quando o avião começa a abanar violentamente para os lados e a subir e descer acentuadamente, dando até aquela impressão esquisita no estômago de quando se anda de montanha russa. Já andei de montanha russa 2 ou 3 vezes e digo-vos que nenhuma delas foi tão intensa como a turbulência que senti nesta viagem. Normalmente a turbulência dura á volta de 2, 3 ou 5 minutos, no máximo. Desta vez foram entre 10 e 15 minutos de elevada turbulência, ao fim dos quais havia crianças a chorar, senhoras a rezar e muita gente com cara de mal disposto, incluindo eu que, se tivesse tido dinheiro para comer, teria vomitado o meu almoço, já que estive agarrado ao saco do enjoo a tentar regurgitar o "nada" que tinha no estômago, cheio de suores e branco como a cal da parede. Ao fim de tanto tempo de turbulência eu já só pensava que os pilotos tinham era de subir e voltar para trás, não queria ter de suportar mais tempo daquilo. E foi mesmo o que aconteceu, ao fim de algum tempo subimos e voltámos para trás, para o alívio de toda a gente que estava no avião. Esta viagem foi um trauma, e muita gente que eu conheço nunca mais entraria num avião.
Falei com um jovem que trabalha no mesmo sítio que eu e que também ía no avião, o Jón Paul e ele perguntou-me se a viagem tinha sido difícil, ao que eu respondi que nunca tinha visto nada assim. Ele disse-me que toda a sua vida tem voado para Isafjordur e nunca tinha tido uma viagem remotamente parecida. Eu não enjoo facilmente e ainda resisti bastante tempo, mas o constante agitar, as subidas e descidas repentinas que faziam pessoas dar berros daqueles de quem se assusta e não consegue conter as emoções (para que conste eu não dei nenhum gritinho histérico, mas estava seriamente assustado).
E pronto, lá voltámos para trás novamente, o que, apesar de me encontrar sem dinheiro e 30 kilos de bagagem para carregar foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos 3 dias.
Não percam o próximo episódio desta viagem, porque ainda não acabou, já que foi definitivamente a viagem mais atribulada que tive. :)

Filipe Figueiredo

Viajando...


Ora agora estou mesmo decidido a escrever sobre o que há tanto tempo ando para escrever.. já tanto tempo passou que o amigo Jorge ameaçou despedir-me da administração deste espectacular e magnífico blog (ou blogue em português, para os mais sensíveis).

A história que aqui vou contar teve lugar no dia 18 de Dezembro (será?) de 2008, no dia em que fui para Portugal passar as férias de Natal.
Saí de Reykjavik ás 9 da manhã - sem ter dormido de véspera porque como tenho de apanhar o autocarro por volta das 5 da manhã nunca durmo com medo de ficar em terra - para fazer escala em Londres (Heathrow), onde tinha de ficar algumas 4 ou 5 horas á espera da ligação para Lisboa. Já em Londres, depois de ter estado 2 horas a vaguear no aeroporto para não adormecer (não me deixavam fazer o controlo de segurança porque ainda faltava muito tempo para o voo) lá pude finalmente ir fazer o controlo para entrar para as "partidas" onde sim poderia dormir um pouco, já que estava exausto. Como sou um jovem encalorado e quase sempre ando de t-shirt em locais fechados, naquele dia não foi excepção e andei todo o tempo no aeroporto, antes de fazer o controlo, com a t-shirt que tem o desenho (que eu até me dei ao trabalho de fotografar para pôr no blog) engraçado/ofensivo/de mau gosto/hilariante que se encontra no início do post.
Já tinha reparado que algumas pessoas, poucas, tinham reparado no desenho e houve 2 jovens que até apontaram e se riram, reacção comum de cada vez que ando com a t-shirt vestida em público. Até aqui nada de especial.
O caricato aconteceu quando eu chego ao controlo de segurança e estou á espera da minha vez para passar no raio-X e vejo umas senhoras que estavam a fazer o controlo da bagagem a olharem muito chocadas para a minha t-shirt, tendo uma delas desaparecido muito rápido e voltado pouco depois com um senhor de meia idade, carrancudo e uma espécie de crachá ao peito. Ora eu passei pelo detector de metais e o senhor vem imediatamente falar comigo, com uma conversa que foi mais ou menos do género:
-Senhor do aeroporto: "Desculpe senhor, mas vai ter de tirar essa t-shirt."
-Eu: "Então mas porquê?"
-Senhor do aeroporto: "É uma t-shirt ofensiva e não podemos permitir esse tipo de demonstração no aeroporto. Por isso vai ter de virar a t-shirt do avesso ou vestir alguma coisa por cima, senão eu garanto-lhe que não embarca no seu voo."
-Eu: "Mas isso é ridículo, eu até conheço americanos e eles não se importam e até se riem com isto."
-Senhor do aeroporto: "Bem vindo aos direitos humanos."

A conversa foi um pouco mais longa, mas isto foi o que se passou basicamentem já que ainda estive a argumentar um pouco mais com ele, sem nunca saber o que dizer porque fiquei perplexo e só me dava vontade de rir. Eu estava cansado e com pouca paciência para chatices, além de querer mesmo chegar a casa e, apesar de não ter feito nada ilegal eles podiam muito bem reter-me até passar a hora do meu voo. Resumindo, lá acabei por vestir um casaco e passar no controlo para me ir deitar num sofá qualquer até ser hora de me ir embora.
Foi hilariante, fez-me rir na altura e ainda me faz rir agora de cada vez que me lembro disso. Em parte compreendo a atitude deles, mas também é altamente deplorável já que eles são dos grandes defensores da liberdade de expressão, religiosa, política ou de qualquer outro tipo.
Pode-se argumentar que a t-shirt tem um teor subjectivo do género "ataque ao capitalismo consumista", mas não me cheira que o senhor fosse na conversa e muito provavelmente ainda me metia numa sala para fazer uma busca ás cavidades corporais o que, para alguns, até deve ser uma aventura emocionante e porque anseiam, mas eu não, muito obrigado.
Enfim, eu acho a t-shirt genial, não só porque muita gente a considera ofensiva mas porque é de um humor negro como não se vê todos os dias.. por isso mesmo é que a comprei. Pois é, se calhar este senhor(es) é(são) daqueles que acha(m) que meter gajas nuas num Magalhães a fingir no Carnaval de Torres Vedras deve ser proibido pelo tribunal.. ou isso ou eu sou um comunista da pior espécie, de fazer o Karl Marx corar de vergonha por ser tão capitalista.

Filipe Figueiredo