Saturday, March 7, 2009

Viajando... O Regresso: Parte 1

Da mesma maneira que fui para Portugal de férias, o inevitável regresso à Islândia tinha de acontecer. Voltei no dia 8 de Janeiro, como sempre, demorei um dia inteiro a cá chegar e, como á hora a que chego já não consigo apanhar 1 voo para Isafjordur tive de ficar em casa do Kjell. No dia seguinte levantei-me cedo pois tinha voo marcado para as 9 da manhã e fui para o aeroporto. Já no aeroporto, aproxima-se a hora do voo e nada, não há ordem de embarque até que, passados cerca de 15 minutos das 9 os senhores avisam que o voo foi adiado devido ao mau tempo que se fazia sentir em Isafjordur, nada de anormal para a altura do ano. Como já estou habituado a estas andanças nem liguei e fui falando com os senhores do aeroporto para saber mais ou menos para quando estava previsto o voo, já que este está dependente dos "updates" horários das condições climatéricas. Fiquei a saber que iríamos em princípio voar por volta das 2 da tarde, apesar de um dos empregados do aeroporto me ter dito que era altamente improvável que o tempo melhorasse o suficiente para voar.
Como sempre lá fiquei no aeroporto á espera porque não me apetecia muito andar para trás e para a frente com bagagem, que até não era pouca e eu tinha de andar de autocarro porque não tinha dinheiro para táxis (já mal chegava para o autocarro).
Foram passando as horas e por volta das 2 da tarde lá se deu a ordem de embarque, o que me fez bastante feliz já que queria mesmo chegar a casa por razões óbvias e porque estava quase sem dinheiro, até para comer. Embarcámos e siga viagem.
Dormi o caminho todo até estarmos quase a chegar, acordando só com a hospedeira a dizer que íamos começar a descer em breve.. ora, afinal não era bem verdade porque não chegámos a descer. A visibilidade era péssima e o vento não ajudava, tendo o avião dado meia dúzia de voltas no céu acima de Isafjordur até que o comandante avisou que íamos voltar para trás.. a esta altura começo a rogar pragas (mentalmente é claro) porque já estava a pensar onde é que ía passar a noite, como é que ía comer e ía ter de andar a carregar bagagens de um lado para o outro, outra vez. Tão perto e tão longe, enfim, são coisas a que se está sujeito quando se viaja na Islândia em pleno Inverno.
Nessa noite consegui ficar na pousada, pagando o quarto com as últimas 2000 koroas que me sobravam no cartão islandês.
No dia seguinte, a mesma história, levantar cedo, arrastar bagagens até ao aeroporto ás 8 da manhã e esperar pela hora do voo que era na mesma por volta das 9. Surpresa das surpresas, 9 da manhã, voo adiado. Ah, maravilhoso, mais um dia passado no aeroporto.. sem dinheiro e sem perspectivas de conseguir voar mais uma vez. Desta vez o cenário era ainda pior que no dia anterior, já que não havia quase esperança nenhuma que o tempo melhorasse, mas pronto, a esperança é a última a morrer, já dizia o Paulo Bento, treinador desse "grande" clube que é o Sbording.
Idem aspas, dia no aeroporto, por volta das 4, ordem de embarque o que me surpreendeu bastante.
Embarcamos e seguimos viagem (outra vez).. e, novamente, dormi o caminho quase todo, acordando só quando começou a turbulência a chegar aos fiordes. Ora, esta turbulência começou de levezinho, e de tanto viajar nestes aviões (20, 30 vezes, já perdi a conta há muito) não é coisa que me surpreenda e até acho bastante piada.
Mas cedo se percebeu que esta turbulência não era normal quando o avião começa a abanar violentamente para os lados e a subir e descer acentuadamente, dando até aquela impressão esquisita no estômago de quando se anda de montanha russa. Já andei de montanha russa 2 ou 3 vezes e digo-vos que nenhuma delas foi tão intensa como a turbulência que senti nesta viagem. Normalmente a turbulência dura á volta de 2, 3 ou 5 minutos, no máximo. Desta vez foram entre 10 e 15 minutos de elevada turbulência, ao fim dos quais havia crianças a chorar, senhoras a rezar e muita gente com cara de mal disposto, incluindo eu que, se tivesse tido dinheiro para comer, teria vomitado o meu almoço, já que estive agarrado ao saco do enjoo a tentar regurgitar o "nada" que tinha no estômago, cheio de suores e branco como a cal da parede. Ao fim de tanto tempo de turbulência eu já só pensava que os pilotos tinham era de subir e voltar para trás, não queria ter de suportar mais tempo daquilo. E foi mesmo o que aconteceu, ao fim de algum tempo subimos e voltámos para trás, para o alívio de toda a gente que estava no avião. Esta viagem foi um trauma, e muita gente que eu conheço nunca mais entraria num avião.
Falei com um jovem que trabalha no mesmo sítio que eu e que também ía no avião, o Jón Paul e ele perguntou-me se a viagem tinha sido difícil, ao que eu respondi que nunca tinha visto nada assim. Ele disse-me que toda a sua vida tem voado para Isafjordur e nunca tinha tido uma viagem remotamente parecida. Eu não enjoo facilmente e ainda resisti bastante tempo, mas o constante agitar, as subidas e descidas repentinas que faziam pessoas dar berros daqueles de quem se assusta e não consegue conter as emoções (para que conste eu não dei nenhum gritinho histérico, mas estava seriamente assustado).
E pronto, lá voltámos para trás novamente, o que, apesar de me encontrar sem dinheiro e 30 kilos de bagagem para carregar foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos 3 dias.
Não percam o próximo episódio desta viagem, porque ainda não acabou, já que foi definitivamente a viagem mais atribulada que tive. :)

Filipe Figueiredo

1 comment:

Eloise de Sá said...

Bem, até eu já estava enjoada com a tua descrição da história....tava bom para mim isso, tava! Detesto aviões e agora já sei que vôo é que não devo mesmo tomar:P
Já apanhei um susto assim uma vez, também deve ter durado uns 15 minutos e o meu coração deve ter parado de bater umas 7 vezes!
Que pesadelo que isso foi!
Diz lá que não estava melhor nos Algarves, na praia? Hum, hum?;)
Bem, mas espero que por fim tenhas chegado, são e salvo!!!

Abaixo a turbulência!

Beijocas *****