Pareciam crianças...

Nunca gostei de visitas de estudo. Horas a fio num autocarro, para se sair e andar em filinha "pirilau" olhando para a direita e para esquerda, a fazer de conta que se presta atenção.
Sempre fui bem mais fã de ficar pela escolinha... tinha sempre direito a feriados ( uma vez que muito normalmente era o único, nenhum professor me ia dar a aula só a mim ), um dia de folga, preguiçando de manhã à noite, bem ao meu estilo. E, muito invariavelmente, não perdia nada de interessante...
Esta semana foi diferente. Como tem sido cada vez mais normal, aqui no Cu de Judas, nem pensei duas vezes quando me perguntaram. "Ha vamos ter uma visita paga pela companhia ao Norte, ver umas coisas quaisqueres...."
Visita paga pela companhia, significa comida à borla, viagem à borla, e estadia no hotel à borla.
Claro que fui.
O que eu não sabia, era que esta ia ser uma visita diferente de todas as outras que tinha feito mais novo. Nunca me tinham oferecido cerveja no autocarro, nunca tinha visto tanta gente a ficar tão contente por ver uma casa de banho numa paragem, nem nunca tinha notado de forma tão explícita o quanto o álcool interfere na capacidade ( e vontade ) de conversação das pessoas!
Digamos que um autocarro matinalmente silencioso, já se parecia mais com um pub ao fim da tarde.
Não é que eu não estivesse à espera desta animação... Quando nos mandaram o programa, este vinha em cu de judense, que eu obviamente nao domino ( sei dizer bacalhau, que é "bacalau" com pronuncia esquisita ). Ao perguntar o que devia esperar da viagem, à minha simpática companheira de cafés e cigarros à porta do laboratório, ela disse-me: "vai ser altamente, vamos ver umas coisas, e depois vamos ver a fabrica da cerveja, onde nos vao dar amostras, e depois vamos para o hotel, onde nos vao dar bebidas de aperitivo, e depois temos bebidas ao jantar, e ainda nos dão bebidas depois do jantar pela noite dentro, à pala da Matis!" lol
Tem de se perceber que também estamos a falar de uma companheira que não teve férias de verão, e portanto, estava algo desesperada para um bocadinho de acção, pelo que o entusiasmo é compreensivel.
Bem, foi de facto bastante agradável! Giro mesmo, ver aquelas pessoas tão quotidianamente sérias, desde patrões a empregados, de cientistas a empregados de escritório, pessoal habitualmente de bata ou de fato e gravata, a parecerem autênticas crianças!!
Foi giro sim senhor...
Já agora, eu arriscaria dizer que muito pouca gente visitou mesmo a fábrica... a maioria, tal como eu, ficaram-se entre a sala das amostras, a casa de banho ( que parecia mais uma miragem ) e a porta da rua ( a esfumaçar ).
Saudações, aqui do Cu de Judas